CAPÍTULO VII - "O Luar, a Pessoa e o Lugar"
Chegando ao sétimo e derradeiro capítulo da saga da Banda VELUDO com a música “O Luar, a Pessoa e o Lugar”, de autoria de Nelsinho Laranjeiras e Miguel Pedra (In-Memorian), parte integrante do álbum “Penetrando Por Todo o Caminho sem Fraquejar” de 2016, fechamos um ciclo muito interessante de uma banda que ainda tem muito a para ser explorada.
Essa suíte, assim como outras desse mesmo álbum, flerta com vários temas do cotidiano de nossas vidas e, mesmo com sua longevidade, pois afinal de contas começou a ser composta em 1972, nem isso foi capaz torná-la “out of date”, ou seja, é mais uma gema que o VELUDO nos presenteia.
Os arranjos sinfônicos se mesclam em um determinado momento com um quase um baião eletrônico muito divertido, que mostra a versatilidade do grupo ao dar a vida a uma música sofisticada, mas muito agradável de escutar pelo seu lirismo e poesia, que estão muito bem dosados em relação a cada momento da letra da música.
Aproveitando este último capítulo, acredito que tudo o que foi contado pelo próprio VELUDO e em boa parte das vezes pelo próprio Nelsinho Laranjeiras, é apenas um fragmento de tudo o que passaram e fizeram e, isso me deixou com um gostinho de “quero mais”, tem muita história boa há ser revelada.
Portanto com uma riqueza tão grande de histórias e fatos ainda não revelados, um livro ia cair como uma pluma no colo de seus fãs, obviamente acompanhado de um CD com músicas inéditas que certamente existem e estão guardadas em alguma abençoada fita cassete ou algo que o valha, bem como novas músicas para nosso deleite. Fica a dica para a banda!!!
No mais, temos que torcer para esta maldita Pandemia ir embora, levando-se em conta que tem concerto do VELUDO no dia 24 de novembro de 2020 no Teatro RIVAL-Refit, no Rio de Janeiro, pois eu já garanti o meu lugar, portanto corra e garanta o seu também!
Ficha técnica da música:
Direção musical, arranjo, baixo, guitarra e vocal: Nelsinho Laranjeiras;
Voz solo: Miguel Pedra;
Vocal e arranjos vocais: Flavia Cavaca;
Teclados, órgão e arranjos de cordas: Antonio Giffoni;
Guitarra e violão: Diogo de Castro;
Bateria: Serginho Conforti
Histórico da Composição:
Nelsinho Laranjeiras e Miguel Pedra se tornaram parceiros no mesmo dia em que se conheceram. Miguel tinha acabado de chegar do Rio Grande do Sul. Viera pela estrada pegando carona na boleia de caminhões (1972).
Trazia um velho violão, uma mochila e um caderno surrado com várias letras. O encontro casual com Nelsinho foi num parque. Começaram a conversar e as Ideias, gosto musical e objetivo foram se encaixando.
Ali mesmo, Miguel cantou algumas das suas músicas. Nelsinho ficou surpreendido com o timbre e a facilidade que ele tinha para criar melodias bonitas com poucos acordes, e o convidou para ir até a sua casa.
Lá chegando, abriram o velho caderno e se concentraram em uma letra gigantesca. Seria um desafio começar por ali. Mas Nelsinho estava disposto a encará-lo. Iria mostrar ao seu novo amigo, sua competência e talento como compositor. Miguel contou que fizera aquela letra durante a viagem.
Nelsinho com um violão (que faltavam duas cordas) começou a elaborar a melodia e a harmonia do que seria a suíte: “O Luar, a Pessoa e o Lugar” Quatro anos depois, ao assumir a liderança do Veludo, Nelsinho traria esse grande cantor e parceiro para ser o vocalista principal da banda.
Porém, ao entrar para o grupo, Miguel teve que aprender o repertório que já estava pronto, e essa música, acabou ficando para mais tarde. Quando finalmente conseguiram começar os ensaios para introduzi-la no novo repertório, o Veludo acabou (78). A dupla jamais se esqueceu desta obra.
Trinta anos se passaram e nunca mais se falaram. Miguel tinha desaparecido, até que um dia a internet os aproximou novamente. Rememorando velhas composições, lembraram da suíte “O Luar, a Pessoa e o Lugar”, uma obra que julgavam relevante em suas vidas. Nelsinho lhe fez uma nova proposta: reviver o Veludo, já que havia um projeto para gravação de um CD com base no material inédito da banda.
Miguel aceitou o desafio. Veio do Amazonas para o Rio de Janeiro com o objetivo de fazer esse sonho se tornar realidade. Ele chegou e trazia algumas novidades. Viveu entre os índios, subiu o Alto Xingu em uma viagem de 3 dias de barco e embrenhou-se pelos igarapés do rio Negro em uma aventura mística e selvagem.
Miguel Pedra morreu 8 meses após terminar as gravações. Não viu o trabalho pronto. Não nesta vida. Quanto a Nelsinho, continuou com a produção do disco de forma obstinada para cumprir o último desejo do seu velho amigo e parceiro.
BANDA VELUDO