O que me fez voltar a este álbum, “Drama”, foi o lançamento de “Fly from here”, pois existem ligações muito fortes entre os dois álbuns, que remontam a década de oitenta.
Foi por insistência de Carlos o “The Ancient”, muito positiva por sinal, que álbum era muito bom e o caminho para gostar de “Fly from here”, seria entender "Drama", então resolvi dar crédito a seus argumentos e isento de preconceitos ouvi atentamente as músicas de “Drama” diversas vezes em seguida no último final de semana, para chegar a uma conclusão que não estivesse contaminada por sentimentos do passado e que acabaram encobrindo o real valor histórico deste álbum.
Até então eu nunca tinha sido muito fã deste álbum por diversas razões, sendo uma das mais fortes, as ausências de Wakeman e Anderson, figuras legendárias e emblemáticas que sempre farão falta em qualquer situação, mas isso pesou muito e com apenas dezenove anos, a primeira impressão é a que acaba ficando.
O estilo das músicas sofreu uma sensível mudança em relação ao que habitualmente poderíamos esperar do Yes clássico, mas que hoje, pode ser explicada pelas tendências daquele momento, impulsionadas pelo movimento “Punk”, o oposto do rock progressivo e mais especificamente pela entrada de Trevor Horn e Geoff Downes que impuseram uma nova identidade musical à banda.
Possivelmente, essa nova identidade, tenha desagradado a uma boa parte dos fãs da banda que literalmente torceram o nariz para o trabalho, inclusive eu, que abertamente já havia declarado minha pouca afinidade com o trabalho em outras ocasiões.
Mas o tempo passa e as coisas vão mudando e neste caso, com um pouco mais de trinta anos, muda mesmo, então o que posso declarar neste momento é que, “Drama” tem qualidades muito especiais, que por teimosia, não conseguia perceber, mas com a mente mais aberta para ele, consegui compreender sua mensagem.
Se por um lado houve uma simplificação musical aplicada ao tema proposto, por outro, permitiu, por exemplo, que Chris Squire livre de conceitos pré-estabelecidos, promoveu uma pós-gradução de como tocar um baixo, fazendo malabarismos, como nunca havia feito antes, realmente fantástico.
Outro aspecto muito positivo foi o vocal de Trevor Horn, que se levando em consideração o propósito do álbum, caiu feito uma luva, pois as músicas estavam direcionadas para seu timbre vocal, portanto foi um casamento perfeito, logicamente não dá para comparar com o potencial de Jon Anderson, mas sem dúvida sua atuação foi muito elegante, tenho que concordar.
Geoff Downes, que em meu conceito não é um virtuose nos teclados, mandou muito bem, surpreendendo em alguns momentos, como na música "Does It Really Happen?", cumprindo rigorosamente com a sua missão de dar o clima “New Wave” e até um pouco “Reggae” na música, "Tempus Fugit", que aqui entre nós, é bem legal.
Ao que parece, o clima de liberdade foi a tônica do processo criativo deste álbum, pois até Steve Howe botou as manguinhas de fora e soltou alguns “riffs” ao melhor estilo do “The Police”, que aquela altura, já era uma referência mundial, fazendo a cabeça da moçada, inclusive a minha.
Alan White como sempre, é uma figura extremamente simpática e bem humorada, fora o fato de ser um dos melhores bateristas da história do rock em todos os tempos, fez o que melhor sabe fazer, tocar sua bateria.
O melhor de tudo isto, é que agora eu tenho mais um álbum do Yes que posso gostar tanto quanto os anteriores e ao mesmo tempo, restabeleço a justiça sobre um excelente trabalho que feito com muita dedicação.
Dentre as músicas deste álbum, destaco "Machine Messiah"; "Does It Really Happen?" e "Tempus Fugit" como as músicas que fizeram que meu conceito sobre o álbum fosse totalmente modificado.
Quando fiz a primeira resenha sobre o álbum, não fui muito generoso com o trabalho e muito menos com os novos músicos que acabavam de entrar para a banda, portanto, espero que esta resenha desfaça uma injustiça do passado.
Finalizando, a culpa por toda esta verborragia, eu atribuo ao meu amigo, Carlos o “The Ancient”, um Yesmaníaco de carteirinha, que com muita propriedade e paciência me convenceu a dar uma oportunidade para este álbum que hoje posso recomendá-lo muito sem medo de estar errando.
Valeu irmão!!!
Quem quiser dar uma conferida na resenha anterior, é só clicar aqui.
ALTAMENTE RECOMENDADO!!!!
Musicians:
Trevor Horn: Vocais (Baixo em "Run Through The Light")Chris Squire: Baixo, vocais (Piano em "Run Through The Light")
Steve Howe: Guitarra, vocais
Geoff Downes: Teclados, vocoder
Alan White: Bateria, percussão e vocais
Tracks:
01 "Machine Messiah" – 10:27
02 "White Car" – 1:21
03 "Does It Really Happen?" – 6:35
04 "Into the Lens" – 8:33
05 "Run Through the Light" – 4:43
06 "Tempus Fugit" – 5:15
Bonus tracks:
07 "Into the Lens (I Am a Camera)" (Single Version) – 3:47
08 "Run Through the Light" (Single Version) – 4:31
09 "Have We Really Got to Go Through This" – 3:43
10 "Song No. 4 (Satellite)" – 7:31
11 "Tempus Fugit" (Tracking Session) – 5:39
12 "White Car" (Tracking Session) – 1:11
13 "Dancing Through the Light" (Jon Anderson/Steve Howe/Chris Squire/Rick Wakeman/Alan White) – 3:16
14 "Golden Age" (Jon Anderson/Steve Howe/Chris Squire/Rick Wakeman/Alan White) – 5:57
15 "In the Tower" (Jon Anderson/Steve Howe/Chris Squire/Rick Wakeman/Alan White) – 2:54
16 "Friend of a Friend" (Jon Anderson/Steve Howe/Chris Squire/Rick Wakeman/Alan White) – 3:38
LINK
"Does It Really Happen?"
"Machine Messiah"
"Tempus fugit"
Prezado Gustavo,
ResponderExcluirGostei das suas duas resenhas, nas quais vc demonstra conhecimento e respeito pelo gosto alheio. Comprei esse vinil, quando de seu lançamento no Brasil. Gostei muito! Gosto até mais do "Drama" do que do "Tormato".
A meu ver, é um disco progressivo. E concordo plenamente com o que vc disse a respeito da performance do grande Cris Squire.
Vero que a dupla Trevor Horn e Geoff Downes não é muito bem vista. Inclusive comparo o Trevor Horn ao Phill Collins, pois o baterista do Genesis conseguiu me enganar nos dois álbuns gravados, depois da saída de Peter Gabriel. Explicando melhor: na ocasião, achei Collins bem parecido com o Pedro Gabriel. O mesmo pensei em relação a Trevor Horn e Jon Anderson.
Agora, se houvesse sinceridade, honestidade, o nome da banda não poderia ser mais Yes, talvez Drama mesmo, não? Mas, praticamente, todos os grupos de rock acabaram se descaracterizando, usando o mesmo nome, só pra faturar.
Ainda assim, gosto muito do "Drama". E já q estamos comparando, esse disco é bem melhor que os trabalhos do Yes com o guitarrista Trevor Rabin, na minha modesta opinião.
Abraços
Caro Roderick,
ResponderExcluirPrazeiraço em tê-lo por aqui......
Pois é meu amigo, hoje consigo entender a mensagem de "Drama" e retirar o que há de melhor dele, seus músicos....
Logicamente, desprovido de pré-conceitos, facilmente chega-se a conclusão que é um álbum muito bom....
E como você bem disse, é muito melhor do que os que saíram da era Trevor Rabin.....
Abraços,
Gustavo
Grande Gustavo,
ResponderExcluirOlha, ontem, à noite, dei uma escutada no "Drama". Sou fã de Steve Howe, um dos melhores guitarristas do mundo, porém observei com mais atenção, acho q no "Drama", o q ele faz é gemer a guitarra, só ameaçando de solar. O q vc acha?
http://www.lyricspond.com/artist-yes/album-in-a-word-yes-1969
ResponderExcluirDá uma olhada nisso...
Enjoy!!!!!!!!
É isso aí meu querido irmãozinho...através do seu blog estamos fazendo justiça a um dos trabalhos mais honestos e arrojados do Yes...Tenho certeza que muitos outros posts irão surgir...., só existiu uma população que não gostou de Drama.."os críticos"...os mesmos que na época achavam o The Clash a melhor banda do mundo..
ResponderExcluirHá muito tempo eu queria externar minha opinião sobre Drama, e tenha certeza, isso só foi possível graças à integridade, honestidade e respeito que seu blog tem demonstrado pelo Yes e tudo que diz respeito a ele.
Se me permite, gostaria de usar o espaço para acrescentar algumas impressões:
- Eddie Offord provou porque é Eddie Offord..
- Roger Dean fez na minha opinião o melhor trabalho de capa...(a conexão existe de forma impressionante)
- Incrível como o som da banda repercurte de diferentes formas em cada um...Eu sempre ví e entendi o som de Drama como um som meio espacial, feito dentro de um laboratório,...algo como Camera Eye, do Rush ou Eye int The Sky de Alan Parsons....Mérito do Yes que consegue essa pluralidade musical na percepção de quem está acostumado a ouvir o trabalho da banda...
- Concordo com Roderick....Imagine a formação de Drama, com Anderson nos vocais e Trevor Horn na produção, ....sem Trevor Rabin...sem Asia...Eu afirmo sem medo de errar...teríamos um YES muito....mas muito melhor na década de 80...
Tenho certeza que a partir de agora, cada vez que você ouvir o álbum Drama, com certeza, irá descobrir coisas muito boas e surpreendentes deste trabalho..
E que venha Fly From Here...A evolução natural e fantástica de Drama.
Obrigado pelo voto de confiança...Esse tipo de coisa só aconteçe de mano véio pra mano véio..
ABRAÇO...FORÇA...SUCESSO..
CARLOS "THE ANCIENT"
Roderick,
ResponderExcluirÉ como eu havia dito na postagem, Steve Howe, botou as manguinhas de fora, soltou alguns riffs "a là de Police", pois as músicas não exigiram dele o que realmente poderia fazer, mas confesso que até gostei deste estilo mais descontraído......
Um Bom final de semana....
Abraços,
Gustavo
Dead,
ResponderExcluirEu chequei este link e box-set que está lá, é fantástico cd-box, são uns cinco ou seis cd's que reune o que melhor o Yes já havia feito até então.....
Eu tenho ele em mp3 e acho que já postei a versão "live", "The Word is Live" que também é ótima......
de qualquer forma é uma excelente dica......
Um bom final de semana....
Abraços,
Gustavo
Carlos
ResponderExcluirDepois que a gente coloca os preconceitos de lado, fica tudo muito claro e cristalino.....
Infelizmente o equívocos históricos acontecem, mas o importante é que a medida do possível a gente vá corrigindo estas anomalias e colocando as coisas nos devidos lugares......
Graças a você...
Na primeira postagem eu já havia mencionado o figuraça do Eddie Offord que é um gênio.....
Roger Dean, o "mago dos pinceis" está sempre nos impressionando e fazendo a sinergia entre a imagem e som que nos indica previamente aquilo que vamos escutar......
Roderick, sempre tem razão....
"Fly From Here" já está no ar..... agora com uma resenha um puco mais decente do que a anterior.... Espero que goste...
Um bom final de semana.....
Abraços,
Gustavo...